O movimento foi violentamente reprimido pela polícia. As mulheres foram trancadas na fábrica, que foi incendiada de forma criminosa, resultando na morte de 129 operárias carbonizadas.
Além de insalubres, as condições de trabalho impunham jornadas exaustivas de 17 horas diárias, com salários 60% menores que os dos homens, sem direito a férias ou pagamento de horas extras.
Essas condições desumanas e a determinação das mulheres impulsionaram a criação de diversas organizações em defesa de seus direitos. Com muita luta e perseverança, elas conquistaram avanços significativos ao longo das décadas.
CONQUISTAS AO LONGO DOS ANOS
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) trouxe profundas mudanças sociais, transformando o papel da mulher na sociedade.
Principalmente na Europa e nos EUA, as mulheres foram chamadas a ocupar postos de trabalho antes destinados exclusivamente aos homens, que haviam sido convocados para a guerra. Ao assumirem essas funções, elas se empoderaram e, nos anos seguintes, conquistaram direitos fundamentais, como o voto e a participação política em países como Alemanha, Reino Unido e EUA.
No Brasil, o direito ao voto feminino foi conquistado em 1932. No ano seguinte, Carlota Pereira de Queirós tornou-se a primeira deputada federal brasileira. Em 1934, a professora Antonieta de Barros, filha de uma escrava liberta, foi eleita para a Assembleia Legislativa de Santa Catarina, tornando-se a primeira parlamentar negra da história do Brasil.
Atualmente, as mulheres representam 52% do eleitorado brasileiro, mas a participação política ainda é limitada. Apenas 12% das prefeituras do país são comandadas por mulheres.
DESAFIOS ATUAIS
O Brasil teve avanços importantes na busca pela igualdade de direitos entre mulheres e homens. Um exemplo é a Lei nº 14.611/2023, que estabelece a igualdade salarial entre gêneros para o desempenho da mesma função, com penalidades rigorosas para empresas que descumprirem a norma.
No entanto, ainda persistem desafios como a violência doméstica, o feminicídio, a importunação sexual, a desigualdade de oportunidades no mercado de trabalho e a sobrecarga da dupla ou até tripla jornada.
A violência contra a mulher no Brasil atingiu proporções alarmantes. Em 2024, foram registrados 1.387 feminicídios, uma média de quatro assassinatos por dia motivados por questões de gênero.
A legislação avançou no combate à violência, com destaque para a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), que, segundo o IPEA, reduziu em 10% a taxa de assassinatos de mulheres dentro de suas residências. No entanto, ainda há necessidade de aprimorar a aplicação das medidas protetivas e garantir profissionais capacitados para o acompanhamento e proteção das vítimas.
É fundamental lembrar que a luta das mulheres não é apenas delas, mas de toda a sociedade. Cabe a todos nós sermos solidários e engajados nessa causa. O Dia Internacional da Mulher é uma oportunidade para reflexão e ação, fortalecendo a luta e a organização das nossas companheiras!
*Antônio Roberto do Valle, o Morungaba, é Presidente do Sindicato dos Papeleiros de Valinhos, Secretário Geral da Federação dos Papeleiros de São Paulo e MS, Conselheiro do Mandato do Deputado Federal Vicentinho